segunda-feira, janeiro 23, 2006


je est un autre

Um corpo, um objecto, uma ideia de retrato, de auto-retrato... uma ideia de máquina, máquina viva.

Para que serve?

Para onde se move?

Por que raio funciona?

A inutilidade absoluta como objectivo máximo de uma máquina terrorista. Tornar tudo inútil.

Paradigma do anti-entretenimento, inimiga do pragmatismo capitalista, a máquina move-se sem que se perceba o seu movimento, a sua razão.

A máquina é o corpo do artista em movimento perpétuo. Em busca do zero absoluto. Falso corpo que se instala como vírus informático na estrutura mental do observador. Predadora do pensamento racional, reage a qualquer conceito, qualquer ideia de ordem.

Um texto, poema maldito, desconcertante pela sua aparente facilidade consumista, ilustra de forma enganadora as imagens propostas, ideias de identidade. Significações inesperadas nascem da associação livre entre imagem e texto.

A máquina alimenta-se do olhar. Questiona-o. Reinventa significações para cada certeza. Mina todos os preconceitos do objecto.

Um rosto surge por trás de cada forma, cada extensão, cada avanço sobre as possibilidades da existência da coisa. Esse rosto é diferente de cada vez, diferente para cada olhar. A identidade do artista surge como um embuste, uma farsa, encenação de impossibilidades teóricas, contradição das contradições – estou aqui e não estou, existo e não existo... existo só para si, de cada vez diferente.

A máquina, catapulta de imagens mentais, funciona na medida em que cada um a toma como sua, a apropria, e assim desenrola a infinidade de soluções subjacentes às suas próprias intenções misteriosas. Uma imagem nunca diz verdade e nunca mente. Apenas abre possibilidades.

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