quinta-feira, julho 11, 2013

No Cavaquistão quem não manda é o cidadão.

Cavaco Silva habituou-nos à desilusão e à ambiguidade. Ele é a imagem da derrota da nação, do desânimo. O seu rosto inexpressivo e cinzento promove a falta de esperança que as suas palavras parecem querer gravar nos nossos túmulos. E vemos Portugal a parar, a morrer às mãos daquele cinzentismo , daquela falta de imaginação, daquela falta de paixão e falsa austeridade.

Cavaco é uma espécie de Dr. Kevorkian na cabeceira de um Portugal moribundo, depois de um grupo de técnicos medíocres, seus aprendizes, nos ter deixado em coma.

Parece telecomandado por um macaco, de tal modo se apresenta desligado do que diz e o que diz desligado de tudo o resto.

Ninguém o entende porque, mesmo lendo palavras escritas, foi incapaz de criar um sentido inequívoco, uma direção ou uma linha de ação clara e evidente. Com as suas frases mal ditas, mal lidas, mal escritas ficamos a saber menos sobre o futuro do que já sabíamos. Cavaco é também um moralista pragmático. A moral interessa-lhe de ponto de vista do controlo social. Nada de maluquices e pouca participação. Para Cavaco ser presidente é igual a ser dono de um galinheiro industrial. Nós somos as galinhas e ele vai deixando, para que o negócio se mantenha, que as condições do galinheiro fiquem cada vez piores e os frangos vendidos mais baratos. Importante é o negócio, o mercado e fazer feliz a Maria. A salmonela faz parte, assim como o desemprego. Azar.

Tenho olhado para as notícias como quem olha para uma corrida perdida, mas com o desejo tonto, secreto, de um sprint final que nos qualifique para a fase seguinte. À espera da sorte, do talento, mas nada. Neste contexto nada mesmo nos vai salvar.

Nunca mais me esqueço da inevitável desaceleração de Fernando Mamede. Quando tudo podia acontecer e a vitória estava ainda ao seu alcance eis que faltavam as pernas e a cabeça ao corredor português e ele ia parando, devagarinho, enquanto os nossos olhos e punhos cerrados pareciam querer empurra-lo para a frente. Impossível, Mamede desistia.

Aprendemos com Cavaco que não vale a pena esperar, puxar por ele, torcer por uma medida inteligente, na defesa dos portugueses. Nem a esperança vaga e lusa que o talento enorme de Fernando Mamede nos fazia sentir o nosso Presidente nos provoca. Nem isso. Cavaco provoca tudo menos uma emoção.

Depois de o ouvirmos ficamos com a ideia de que não há governo. Que ele não concorda com este mas também não discorda e quer mais do mesmo. Quer ser ele a escolher. Ele e um amigo.

Não sabemos que amigo mas a julgar por alguns deles tenho algum medo. Cavaco sempre andou com más companhias.

Daqui por um ano temos eleições. Mas atenção. Ele já definiu o seu resultado e já decidiu quem irá governar depois delas. Portanto não se desgaste a votar.

A democracia, esse incómodo constitucional que impede o país de ser rico e bem sucedido, tem um valor relativo quando comparado com os mercados ou os interesses dos "investidores".

Nem os seus apoiantes perceberam bem qual é o seu plano. Governo a três? A dois, com o terceiro a olhar? Com promessa de uma perninha, quiçá dois ministérios, em 2014...

Governo de amigos do presidente? Votar é que não porque nós não sabemos escolher e portanto, para nossa defesa, devemos ser afastados da esfera da decisão.

Livrem-nos da vontade popular e da decisão do povo. No Cavaquistão quem manda menos é o cidadão. Mais nada!

 

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