quarta-feira, julho 03, 2013

O caso do avião de Evo Morales

O caso do avião de Evo Morales é muito grave. Muito mais grave do que à partida nos querem fazer crer.

Um chefe de estado democraticamente eleito foi proibido de aterrar em Portugal com o seu avião oficial. Mais do que isso foi impedido de utilizar o espaço aéreo português. Não foi só Portugal a tomar esta decisão. França e Itália também participaram nesta farsa.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros, esse que não tem ministro, ou tem, não se sabe, diz que "considerações técnicas" ditaram a interdição de aterragem, uma vez que depois de estar já pousado em Viena, autorizaram o sobrevoo. Considerações técnicas? Isso quer dizer o quê?

Será que o avião não cumpre as exigências da Zona de Emissões Reduzidas de Lisboa? Não creio.

Não há motivos para esta quebra de confiança com o Estado Boliviano e exige-se uma explicação plausível e verdadeira sobre esta medida anti-diplomática que se toma apenas com inimigos.

Em Portugal é assustador o vício da mentira e do encobrimento. Um despudor verdadeiramente nojento que está enraizado no modo fazer política.

Toda a gente sabe que o avião foi proibido de aterrar por se suspeitar que Edward Snowden ia a bordo.

O que eu gostava de saber é o que é que o governo de Portugal tem a dizer sobre Snowden. Estará proibido de entrar em Portugal? Porquê?

Já recebemos em Portugal ditadores em comitivas extensas alapadas em tendas, reuniões informais para combinar embustes que levaram a guerras, reuniões do Bildenberg e outros meliantes. Sempre com imensa hospitalidade. Quando foram os prisioneiros para Guantanamo a atitude Portuguesa foi bem diferente.

Edward Snowden mostrou-nos a todos que o governo americano nos espia descaradamente e nós, em vez de pedir-mos explicações como deve ser, tornamos o mensageiro "personae no gratae". Boa!


Actualização:

Hoje, dia 4 de julho, o Ministro Marques Guedes afirmou, em conferência de imprensa, que desconhecia a origem da ordem dada no sentido de proibir a aterragem do voo de Evo Morales. Ou seja, aquele rapaz que se demitiu antes de ontem, tem agora um novo motivo para se demitir uma vez que nem sequer governa o seu ministério e o usa apenas para os seus jogos palacianos. Por seu lado os EUA negam qualquer intervenção no caso.

Eu reafirmo a profunda vergonha que sinto pela atitude do governo português que se portou de forma indigna e que se justifica sem pudor com a sua absoluta incompetência e desorganização como se isso não fosse, por si só, um motivo de embaraço.

 

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